sábado, 15 de maio de 2010

Falta de autônomia

Hj tínhamos um casamento indiano para ir. Já havíamos recebidos dois convites antes, mas ambos eram em datas em que estávamos de férias fora da Índia; mas dessa vez iríamos, não fosse o velho mesmo problema de sempre: a falta de autonomia...

Esse pra mim é com certeza a maior das dificuldades de se morar aqui, mais até do que a pobreza gritante na rua, pq podem me chamar de mesquinha e egoísta, mas depois de um tempo vc se acostuma com a pobreza que te cerca, e essa é a única razão para as pessoas, com o mínimo de condições financeiras, conseguirem morar aqui, sejam elas estrangeiras ou não.

Mas voltando a falta de autonomia, quero dizer que aqui em Baroda não existe meio de transporte adequado. O ônibus público é um sucatão, muitas vezes sem portas e vidros na janelas, e se para os indianos que moram aqui ele já não é tido como bom, imaginem para um estrangeiro, totalmente sem condições de uso. Então o qeu sobra são os riquichás. Eu andei de riquichá uma única vez, e confesso que foi com o único intuito de dizer que andei, pq é insanidade andar naquilo! Pois se o transito aqui já é caótico e nada seguro mesmo qdo vc está de carro (meu motorista adora fazer ultrapassagem no viaduto qdo só tem espaço para dois carros passarem lado a lado, ou seja, o de uma direção e oq eu vem na contrária!), imaginem de riquichá! Um veículo que é um triciclo motorizado a gás e sem nenhuma segurança! Além disso, quem o dirige obviamente não fala inglês, fala apenas o gujarat (língua oficial do estado onde moro, pois se vc não sabe a Índia é uma verdadeira torre de Babel, com nada menos do que 26 línguas oficias, fora os dialetos!), então a comunicação é meio impossível qdo vc deseja ir a um local que não seja a famosa Avenida Alcapuri, ou seja, só vai se falar gujarat!

O que aconteceu é que nosso motorista teve um problema na família, um parente está “very trouble”, como ele diz, e então outro motorista veio à tarde para substituí-lo. Eu fiquei sabendo disso apenas pq na hora de ir embora minha empregada me informou, pq meu motorista (por melhor que ele seja) não me avisou nada, e ele já sabia que não viria a tarde desde o final da manhã qdo saiu comigo, mas enfim, como eu sou mulher não precisa avisar, afinal quem manda é o homem né?! Mas isso já é outro assunto e eu nem vou entrar no mérito da discussão, pois pelo jeito deve haver algum tipo de imprinting genômico nos cromossomos Y dos indianos...

Enfim, voltando ao casamento, o motorista que substituiu o nosso, obviamente não falava uma palavra de inglês, do tipo vc pergunta “What is your name?” e ele responde “Yes sir.”; pois é sentiu o drama né?! Assim nossa presença no casamento foi cancelada, e eu estou aqui meio frustrada por não sermos tão autônomos qto gostaríamos...

2 comentários:

  1. Autonomia. Taí algo que quando temos não aproveitamos e quando não temos reclamamos. É fato que na vida ocidental vivemos ciclicamente, com e sem essa tal autonomia. Assim, com eventual autonomia, já não é fácil. Imagine sem qualquer sinal dela?

    Saudações periciais,

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  2. Pois é Clau, vc disse bem "quando temos não aproveitamos", acho que é pq nem nos damos conta da importância de se poder fazer o que se quer quando se quer e como se quer, só nos damos conta qdo não temos :(
    E viver do outro lado do mundo dependendo dos outros para o básico e trivial, como dirigir (ai como sinto falta disso!!!) não é fácil!
    Bjo pra vc!

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