Hj tínhamos um casamento indiano para ir. Já havíamos recebidos dois convites antes, mas ambos eram em datas em que estávamos de férias fora da Índia; mas dessa vez iríamos, não fosse o velho mesmo problema de sempre: a falta de autonomia...
Esse pra mim é com certeza a maior das dificuldades de se morar aqui, mais até do que a pobreza gritante na rua, pq podem me chamar de mesquinha e egoísta, mas depois de um tempo vc se acostuma com a pobreza que te cerca, e essa é a única razão para as pessoas, com o mínimo de condições financeiras, conseguirem morar aqui, sejam elas estrangeiras ou não.
Mas voltando a falta de autonomia, quero dizer que aqui em Baroda não existe meio de transporte adequado. O ônibus público é um sucatão, muitas vezes sem portas e vidros na janelas, e se para os indianos que moram aqui ele já não é tido como bom, imaginem para um estrangeiro, totalmente sem condições de uso. Então o qeu sobra são os riquichás. Eu andei de riquichá uma única vez, e confesso que foi com o único intuito de dizer que andei, pq é insanidade andar naquilo! Pois se o transito aqui já é caótico e nada seguro mesmo qdo vc está de carro (meu motorista adora fazer ultrapassagem no viaduto qdo só tem espaço para dois carros passarem lado a lado, ou seja, o de uma direção e oq eu vem na contrária!), imaginem de riquichá! Um veículo que é um triciclo motorizado a gás e sem nenhuma segurança! Além disso, quem o dirige obviamente não fala inglês, fala apenas o gujarat (língua oficial do estado onde moro, pois se vc não sabe a Índia é uma verdadeira torre de Babel, com nada menos do que 26 línguas oficias, fora os dialetos!), então a comunicação é meio impossível qdo vc deseja ir a um local que não seja a famosa Avenida Alcapuri, ou seja, só vai se falar gujarat!
O que aconteceu é que nosso motorista teve um problema na família, um parente está “very trouble”, como ele diz, e então outro motorista veio à tarde para substituí-lo. Eu fiquei sabendo disso apenas pq na hora de ir embora minha empregada me informou, pq meu motorista (por melhor que ele seja) não me avisou nada, e ele já sabia que não viria a tarde desde o final da manhã qdo saiu comigo, mas enfim, como eu sou mulher não precisa avisar, afinal quem manda é o homem né?! Mas isso já é outro assunto e eu nem vou entrar no mérito da discussão, pois pelo jeito deve haver algum tipo de imprinting genômico nos cromossomos Y dos indianos...
Enfim, voltando ao casamento, o motorista que substituiu o nosso, obviamente não falava uma palavra de inglês, do tipo vc pergunta “What is your name?” e ele responde “Yes sir.”; pois é sentiu o drama né?! Assim nossa presença no casamento foi cancelada, e eu estou aqui meio frustrada por não sermos tão autônomos qto gostaríamos...
Autonomia. Taí algo que quando temos não aproveitamos e quando não temos reclamamos. É fato que na vida ocidental vivemos ciclicamente, com e sem essa tal autonomia. Assim, com eventual autonomia, já não é fácil. Imagine sem qualquer sinal dela?
ResponderExcluirSaudações periciais,
Pois é Clau, vc disse bem "quando temos não aproveitamos", acho que é pq nem nos damos conta da importância de se poder fazer o que se quer quando se quer e como se quer, só nos damos conta qdo não temos :(
ResponderExcluirE viver do outro lado do mundo dependendo dos outros para o básico e trivial, como dirigir (ai como sinto falta disso!!!) não é fácil!
Bjo pra vc!