terça-feira, 28 de agosto de 2012

Parir é uma festa, mas cirurgia obstétrica desnecessária de extração fetal não é!

"Pouco importa que o principal homenageado não tenha a menor ideia do que esteja acontecendo, ou que a anfitriã ainda se encontre meio zonza após sair da sala de parto." Essa é a primeira frase de uma matéria veiculada essa semana na horrível mídia dessa país e já de cara ela estampa com todas as letras o quanto nesse país a vontade do recém nascido é o que menos importa!
Se pouco importa que o homenageado não tenha a menor ideia do que acontece, pouco importa tb:
- que ele seja retirado a força do ventre materno antes da hora, 
- que ele seja aspirado e esfregado sem necessidade,
- que ele seja afastado da mãe nas primeiras horas de vida
- que ele seja esticado, mexido, remexido e picado diversas vezes
- que ele recebeu nitrato de prata nos olhos sem necessidade
- que ao invés do corpo da mãe ele seja aquecido num bercinho qualquer
- que ele recebeu nan ou água glicosilada num copinho enquanto estava no berçário ao invés de mamar no peito materno.

As pessoas estão cada vez mais desconectadas da própria natureza, e principalmente do evento parto, do que ele significa, da real transformação que ele gera em uma mulher e em todos ao seu redor! É claro que se deve celebrar o nascimento de um filho tão desejado e amado, mas balões, champagne, garçom, salgadinhos e 30 pessoas falando ao mesmo tempo é tudo o que um recém nascido não precisa!

Quer celebrar o nascimento do seu filho? Que tal começar dando a ele o direito de escolher o momento certo de nascer, o dia em que ele estiver pronto, e não o dia que for mais conveniente para o obstetra?! Que tal permitir que ele mame na primeira hora, e que não passe por procedimentos invasivos e desnecessários? Que tal ao invés de festa e música ambiente na suite do hospital, ele possa ter silêncio, colo e cheiro de mãe o tempo todo?

O nascimento não deveria ser um produto passível de mercantilização! Cesárias eletivas deveriam ser crimes e bebês jamais deveriam ser afastados de suas mães ao nascerem! Cirurgias obstétricas de extração fetal não são partos, são CI-RUR-GI-AS!!!! E nós deveríamos nos envergonhar por ostentarmos o primeiro lugar no ranking mundial nesse quesito (nascimentos por cesárianas).

Como bem disse o Super Duper "a banalização e alta medicalização dos nascimentos, a transformação desse momento em ~20 minutos de cirurgia fria e agendada está gerando nítidas consequências... Falta algo, fica um vazio... vai precisar encher aquele rombo com algo...E tem gente que prefere encher aquele inevitável sentimento de parto roubado - com comidinha de festa e goró."

2 comentários:

  1. Adorei, Bá! Já ouvi casos assim em Salvador e confesso que fiquei beeem surpresa (para não dizer chocada) ao saber que se agenda sala e festança no hospital... até o buffet vai junto! Afe...

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  2. Engraçado, né Bárbara! O CREMERJ proíbe que uma mulher escolha parir de forma natural e humanizada, com doula, mas festa com garçom e cia. tudo ótimo.
    Que valores nossa sociedade está pregando, senhor?!
    Beijo

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